Peçamos a Deus a sua santa graça nas pequenas coisas.
Animemos-nos à imitação de Maria Santíssima Imaculada, a qual praticou perfeitamente as pequenas virtudes que a elevaram depois a tão eminente santidade e grandeza.
Admiremos aquela inefável beleza da alma de Maria, a qual é um formosíssimo desenho que consta de muitos pequenos pontos, todos perfeitos. Com efeito, a beleza de Maria não se compõe senão de muitas pequenas virtudes, mas todas perfeitas que, reunidas em sua bela alma, a fizeram tão bela, tão grande, tão querido do Senhor.
Humilhemo-nos e peçamos a Deus muitas graças, também graças extraordinárias, mas em especial a de vencermos nas pequenas coisas, as quais por serem pequenas não se faz tanto caso, enquanto a natureza, tratando-se de atos repetidos muitas vezes, sente maior inclinação e não quer afastar-se delas. Ela talvez se dobra uma, duas, três vezes e depois a quarta, embora se trate da coisa mais pequena e mais fácil de vencer, se rebela e não quer dobrar-se.
Oremos a Deus que nos dê aquela santa humildade e perseverança com as quais possamos sempre dominar nossa natureza rebelde, com zelo constante e firme.
A alma deve estar atenta a não cair nem nas culpas mínimas, as quais se não destroem o amor divino, o entorpecem (diminuem o entusiasmo) e esfriam.
Não devemos entreter-nos em pensamentos e conversações inúteis, e sim os evitarmos cuidadosamente: deste modo poderemos estar mais unidos a Deus.
O grão de mostarda é considerado a semente mais pequena entre as que germinam na horta e no entanto se desenvolvem tanto que chegam a ser uma árvore: por isso representam bem as pequenas virtudes, as quais podem produzir uma grande santidade. Com efeito, os grandes santos chegaram á sua santidade não tanto pela prática de virtudes extraordinárias, para as quais as ocasiões são raras, mas com os atos repetidos e incessantes de pequenas virtudes.
Assim São José, não fez coisas extraordinárias: mas com a prática da virtudes ordinárias e comuns chegou àquela santidade que o eleva sobre todos os demais santos. Também Jesus não fez sempre atos extraordinários e heróicos, como deixar sua mãe e morrer na cruz, mas quantos pequenos atos de virtude fez Ele e com quanto méritos.
Quantos pequenos atos de obediência, humildade, paciência podemos fazer. Estas pequenas virtudes não conhecidas pelos homens, mas muito agradáveis a Deus, fazem subir a uma alta perfeição e formam a árvore da santidade cuja semente não é mais que um pequeno grão.
Quanto desejou São Luís poder fazer como Francisco Xavier indo a converter aos infiéis nas terras de missão. Mas o Senhor quis dele sacrifícios pequenos, se bem que numerosos e frequentes, e ele com a observância perfeita de sua regra pode ganhar um lindo trono de glória.
A resolução que temos de tomar é a de valorizar muito as pequenas virtudes, de cumprir momento a momento o que Deus quer, no tempo, no modo e nas circunstâncias que Ele determinou, e ficando com o coração tranquilo em quite, persuadidos que como o Senhor tem guiado outros para a santidade, assim com sua graça nos guiará também, contanto que sejamos dóceis à sua vontade, e caminhemos ao passo, com sua graça, sem dar nunca nenhum passo, nem mais curto nem mais longo porque de uma ou de outra maneira corremos o risco de tropeçar caminhando contra a vontade do Senhor.
Sejam extraordinários nas coisas habituais.
Não conformar-se em pedir pouco, sejamos atrevidos e peçamos a graça de realizar grandes coisas: mas não o fazer milagres, fazer penitências duríssimas ou outras coisas que chamam a atenção do mundo: não, não são estas as coisas que nos farão progredir na santidade, mas as vitórias sobre o nosso amor próprio, sobre as paixões que nos custam violência e tantos esforços. Estes atos são verdadeiramente grandes, e, se bem ocultos aos olhos do mundo, nos fazem agradáveis aos olhos de Deus.
Buscar sempre a perfeição em todas as coisas, mesmo as mais pequenas.